Textos em português e esperanto. Tekstoj en la portugala kaj en Esperanto.

Obrigada por sua visita! Dankon pro via vizito!

domingo, 19 de agosto de 2018

Morada _ Loĝejo




Morada

Habito um pequeno corpo
que tem um peso
e uma  medida  certa
para embarcar no tempo
e esculpir meu espaço no mundo.

Máquina que mantenho com cuidado
para funcionar sem erro;
lâmpada que acendo com prazer
para gerar felicidade.

Eu tenho um pequeno corpo
de água e sal, de sangue e sol;
litúrgica veste, fruto telúrico
que se descasca um dia
para adubar o útero da terra,
e  libertar-me para a Vida.



Loĝejo

Mi loĝas en  eta korpo,
kiu havas taŭgan pezon,      
kaj  konvenan mezuron  
por enŝipiĝi en tempo,
kaj skulpti mian spacon    
en ĉi tiu mondo.                 

Maŝin’, pri kiu mi zorgas  
cele al ties ĝusta rolo;
lamp’, kiun mi lumigas ĝue
por naski la fortunon.   

Mi havas etan korpon
el akv’ kaj sal’, el sang’ kaj sun’;
liturgia vest’, frukt’ tera,
kiu senŝeliĝos iam 
por la teruteron sterki,
kaj liberigi min al Vivo.   

Maria Nazaré Laroca
Juiz de Fora, 19/08/2018. 




terça-feira, 14 de agosto de 2018

O quarto _ La ĉambro





O quarto   
                                                                
Estou sentado em um barco azul, pairando sob um céu amarelo: meu pequeno quarto. Ele me aquece e anseia pela volúpia amorosa da coberta escarlate. No entanto, a esperança, inutilmente verde, não abre a janela.
Duas cadeiras vazias conversam em voz baixa. As imagens estão ansiosas para saltar das paredes e despedaçar-se na incerteza do chão. Apenas o sábio espelho compreende a solidão dos travesseiros.
As horas me entediam como moscas. Quem sou eu? Um poeta louco, cujos versos ninguém lê? Um pintor com um brilho incompreendido no olhar? Por que estou aqui? Aonde eu vou? Termine minha história ...

La ĉambro

Mi sidas en blua boato ŝvebanta sub flava ĉielo: jen mia eta dormoĉambro. Ĝi varmigas min, kaj sopiras la aman volupton de la skarlata kovrilo. Tamen espero ne malfermas la fenestron senutile verda.
Du malplenaj seĝoj interparolas silente. Bildoj avide emas eksalti de la muroj kaj disfrakasiĝi sur la malcerteco de la planko. Nur la saĝa spegulo komprenas la solecon de la kapkusenoj.

La horoj min enuigas, kiel muŝoj. Kiu mi estas? Ĉu freneza poeto, kies versojn neniu legas? Ĉu pentristo kun malkomprenita brilo en la okuloj? Kial mi estas ĉi tie? Kien mi iros? Finu vi mian rakonton...

Maria Nazaré Laroca
Juiz de Fora, 14/08/2018.

domingo, 12 de agosto de 2018

O morcego _ La vesperto


O morcego

Depois de séculos, o morcego volta a Coimbra.
Logo que ele entrou na universidade, um estranho sentimento apertou-lhe o coração. De repente começou a chorar de tristeza. Será que a amada biblioteca o reconheceria?
Creia-me, amável leitor, até mesmo fantasmas de morcegos sofrem por amor!

  
La vesperto

Post jarcentoj la vesperto revenas Koimbron. 
Tuj  kiam ĝi eniras en la universitaton, stranga sento ekpremis ĝian koron. Neatendite la okuloj malĝoje eklarmis. Ĉu la amata biblioteko rememorus ĝin? 
Kredu min, leganto aminda, eĉ fantomaj vespertoj spertas amsuferojn!

Maria Nazaré Laroca
103-a UK - Lisbono, la 1-a de aŭgusto 2018.