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quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022

Diversidade _ Diverseco


Para Cecília Meireles  _  Al Cecília Meireles


Diversidade


Quando uma poeta canta,

 com o seu lirismo único,

 é a poetisa que encanta

 no céu da literatura.

 

 Só é preciso ternura,

 sem patrulha lexical,

 para aceitar a palavra

 poetisa, sem censura.


Diverseco


Kiam poeto muzikas,

per la unika liriko,

jen poetin’, kiu stelas

en la beletra ĉielo.

 

 Nur necesas tenereco;

 for la  leksika patrol’!

 Simple akceptu la vorton

 poetino, sen cenzuro!


Maria Nazaré Laroca

Juiz de Fora, 23/02/2022.

Brazilo




 

domingo, 14 de novembro de 2021

Serenidade _ Sereneco

 



Serenidade

Os ouvidos já não agüentam

as palavras barulhentas

a gritar nesse cenário

de nossos olhos cansados.

 

Algazarra, alvoroço, 

que alarido, que escarcéu!

Só balbúrdia em batalha

presencial, virtual...

 

Quero a leveza serena

da borboleta que voa

em seu silêncio amarelo,

perto da minha janela,

dançando no vento à toa.


Sereneco

L’ oreloj ne plu eltenas

la parolojn bruemajn,  

kiuj krias en tiu scenejo  

ĉe niaj lacaj okuloj.

 

Voĉbruado, bruego,

kia  tumult’, brukriado!

Nur konfuzeg’ en batalo

vidalvide, virtuale...

 

Mi volas serenan leĝeron

de ĉi fluganta papilio

en sia flava silento,

apud mia fenestro,

sencele dancanta en vento.


Maria Nazaré Laroca 

Juiz de Juiz de Fora, 14/11/2021.

MG  - Brazilo



terça-feira, 2 de junho de 2020

Para George Floyd _ Al George Floyd



Para George Floyd

Tenho a sensação
de que nós estamos
navegando agora
na vigésima quinta hora
de um mundo sem rumo.

25ª hora, título, aliás,
de romance intenso
de Virgil Gheorghiu,
que recomendo,
e que assombrou
a minha juventude.

Criaturas divinas,
de Deus herdamos
o livre-arbítrio infinito:
liberdade limitada
pela justiça da Lei
de Causa e Efeito.


Al George Floyd

Mi havas la senton,
ke ni ŝipiras nuntempe
je la dudek-kvina horo
de sendirekta mondo.

Krome, 25-a horo
estas romano intensa
de Virgil Gheorghiu,
kiun mi rekomendas,
kaj hantis mian junecon.

Diaj kreitaĵoj, ni
de Dio heredas
senfinan liberan volon:
liberecon limigitan
de l’ justeco de l’ Leĝo
de Kaŭzo kaj Efiko.



Maria Nazaré Laroca
Juiz de Fora, 02/06/2020.
Brazilo

sexta-feira, 22 de maio de 2020

Carência _ Manko




Carência


Sou uma pessoa
de riso difícil:
rio pelo avesso.

Tem gente
que ri à toa:
para todos
para nada
não dispensa
uma risada.

Nestes tempos
de pandemia,  
eu descobri
que os mortos
são mais lembrados
por sua  alegria
durante  a vida.

Ainda é tempo,
de desarmar
a face com
um sorriso.


Manko

Homo mi estas
kun malfacila rido:
ridas mi nur interne.

Estas homoj,
kiu ridas sencele:
por ĉiuj, por nenio,
ridadon ne neas.

En ĉi tiuj tempoj
de pandemio,
mi malkovris,
ke la mortintoj
plej memoratas
pro sia vivĝojo.

Ankoraŭ
estas temp’
la vizaĝon
senarmigi
per rideto.

Maria Nazaré Laroca
Juiz de Fora, 22/05/2020.
Brazilo

quinta-feira, 5 de março de 2020

Carência _ Manko



Carência



             “E a luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam.” (João 1:5)



Por que as trevas se comprazem

na inexistência da luz,

sob a máscara da ilusão?



O ruído cego da sombra

guia a multidão saciada,

que caminha alegre

para lugar nenhum.



Manko


      
     “Kaj la lumo brilas en la mallumo, kaj la mallumo ne komprenis ĝin.” (Johano 1:5)



Kial mallumo ĝuas

la maleston de lumo,

sub la masko de l' iluzio?



La blinda bruo de l’ ombro

gvidas satan homamason

ĝoje irantan nenien.



Maria Nazaré Laroca 
Juiz de Fora, 05/03/2020.
Brazilo

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

Confissão _ Konfeso



Confissão

Para viver no planeta
mais uma temporada,
vesti-me de um corpo,
máquina que comando,
sem mesmo conhecer-lhe
a data de validade.

Antes de fazer-me humana,
sou  ser  espiritual, enigma
que  há muito me desafia.

Sou bicho egoísta e estranho,
com tendência a delírios
poéticos, quase filosóficos,
e que perde muito tempo
com nocivas insignificâncias
que  farão  pleno sentido
quando eu voltar para casa.



Konfeso


Por vivi sur la planedo
plian tempodaŭron
mi surhavas  korpon,
maŝinon, kiun mi regas,
sen eĉ koni ĝian findaton.

Antaŭ ol fariĝi homa,
mi estas spirito, enigmo,
kiu delonge min defias.

Mi estas besto
egoisma kaj stranga,
ema  je poeziaj deliroj,
preskaŭ filozofiaj ...
kaj  perdas multan tempon
kun malutilaj bagateloj,
kiuj  plene havos  sencon,
kiam mi revenos hejmen.



Maria Nazaré Laroca
Juiz de Fora, 10/02/2020.
Brazilo

sábado, 1 de fevereiro de 2020

Protagonismo





Protagonismo



“Uma existência é um ato. Um corpo — uma veste. Um século  — um dia.”
(In: Nosso lar. Francisco C. Xavier _ André Luiz)





“Uma existência é um ato”,

em sânscrito: karma.

Somos atores coadjuvantes

de uma peça que se repete

na eternidade, buscando

sempre o papel principal

no bem e no mal.



Reféns do vaivém

das vidas sucessivas,

só seremos livres

quando deixarmos

de apenas amar no outro

o que for igual em nós
.




Protagonismo



“Ekzistado estas akto. Korpo — vestaĵo. Jarcento — tago.”
(El: Nia hejmo. Francisco C. Xavier _ Andreo Ludoviko)



"Ekzistado estas ago",

en sanskrito: karmo.

Ni estas neĉefaj roluloj

en teatraĵo, kiu ripetiĝas

eternece, serĉantaj

ĉiam la ĉefan rolon

por bono aŭ malbono.



Ostaĝoj

de l' sortoŝanĝoj

de sinsekvaj vivoj,

ni nur estos liberaj,

kiam ni ĉesos

ami nur tion,

en la aliulo,

kio kuŝas en ni.


Maria Nazaré Laroca
Juiz de Fora, 1º/02/2020

Brazilo

quinta-feira, 9 de janeiro de 2020

Meditação _ Primedito


Meditação


Verão molhado
em minha cidade.
Jovem tempestade
de janeiro, em fúria,
é pura audácia
a inundar a tarde
perplexa.


Mas minh’alma refugia-se
no outono de sonhos
maduros e livres.


O olhar perdido
na vidraça não revela
a felicidade secreta
de simplesmente existir.



Primedito

Somer’ malseka
en la urbo.
Januara tempest’ juna
furiozas, kiel aŭtenta
aŭdaco inundanta
posttagmezon
perpleksan.


Sed l’anim’ rifuĝas
en aŭtuno de revoj
maturaj kaj liberaj.


La perdita rigardo
trafenestre ne malkaŝas
la sekretan feliĉon,
ke mi simple ekzistas.

Maria Nazaré Laroca
Juiz de Fora, 09/01/2020.

domingo, 4 de agosto de 2019

Dia sem cor _ Senkolora tago



Dia sem cor

A cidade em preto-e-branco,
vestida de chuva e frio,
amanheceu como tantos
de esperança despidos.

Senkolora tago

La nigra-kaj-blanka  urbo,
kovrita de pluv’ kaj frido,
mateniĝis,  kiel multaj
je l’espero senigitaj.



Maria Nazaré Laroca
Juiz de Fora, 04/08/2019.
Brazilo

quarta-feira, 31 de julho de 2019

Refúgio _ Rifuĝejo



Refúgio

Peregrinos das estrelas,
desembarcamos no mundo
para breve temporada
a serviço do Amor.

Mas logo nos esquecemos
de que a volta está marcada
na agenda do Criador.

E, na poesia do percurso
de flores, dores, quimeras,
a alma se fortalece,
no alegre  aconchego,
entre solidão de plumas. 



Rifuĝejo

Pilgrimantoj el la steloj,
ni alvenis en la mondon
por mallonga vivsezono
je la servado de Amo.

Tamen baldaŭ ni forgesas,
ke la reveno vidiĝas
sur l' agendo de l' Kreinto.

En la poezialiro
flora, dolora, ĥimera,
l’animo sin fortikigas
meze de gaja oazo
inter soleco el plumoj.


Maria Nazaré Laroca
Juiz de Fora, 31/07/2019.
Brazilo



segunda-feira, 22 de julho de 2019

Maré alta _ Alta tajdo


Maré alta  

Qual amante enfurecido,
o mar se agiganta em ondas
majestosas de fumaça:
beleza que desafia 
e assombra as divindades!
Mas é só fúria de espuma
a naufragar na praia...

Alta tajdo

Kiel amant' furioza,
la mar' gigantas en ondoj
el majesta nebulego:
belaĵo, kiu defias
la diaĵojn, kaj nin ravas!
Sed estas nur ŝaumfuri',
kiu surstrande  pereas...

Maria Nazaré Laroca 
Cabo Frio, 22 / 07 / 2019

quarta-feira, 3 de julho de 2019

Filosofia boêmia _ Bohemia filozofio



Filosofia boêmia

Às vezes faço um poema
como na mesa de um bar
o qual  jamais  frequentei.

Mas é vagando nas ruas
que a filosofia busca
o meu olhar estrangeiro:

todo mundo é tão igual
nas diferentes certezas
de  vaidosa verdade.


Bohemia filozofio

Foje mi verkas poemon
kvazaŭ estus ĉe drinkejo,
kiun mi neniam ĉeestis.

Sed kiam mi vagas surstrate
la filozofio kaptas
mian fremdan ekrigardon:

ĉiuj personoj egalas
laŭ la malsamaj certecoj
de ties vantema vero.


Maria Nazaré Laroca
Juiz de Fora, 03/07/2019.