Textos em português e esperanto. Tekstoj en la portugala kaj en Esperanto.

Obrigada por sua visita! Dankon pro via vizito!

domingo, 12 de outubro de 2014

Poeta _ Poeto



"Eu canto porque o instante existe /e a minha vida está completa./Não sou alegre nem sou triste: sou poeta." 
(Motivo - Cecília Meireles)


Poeta

Não sei por que eu canto. 

Com a vida incompleta,

sou eterna criança 

ora alegre, ora triste,

a brincar de poeta.



“Mi kantas ĉar la momento ekzistas /kaj mia vivo estas kompleta./Mi ne ĝojas nek tristas: mi poetas.”  
(Motivo - Cecília Meireles) 



Poeto

Mi ne scias, kial mi kantas.

Pro vivo nekompleta

estas mi eterna infan’,

jen ĝoja jen trista,

kiu ludas poeton.


Maria Nazaré Laroca
Juiz de Fora, 12/10/2014.

domingo, 5 de outubro de 2014

Paineira rosa _ Rozkolora kapok-arbo




Paineira rosa 

Dia de eleição no Brasil. A caminho das urnas, deparo-me com majestosa beleza em verde e rosa. A paineira gigante rouba a cena na avenida, em Juiz de Fora. Não pede nada, mas já tem meu voto garantido.

Rozkolora kapok-arbo

Tago de balotado en Brazilo. Survoje al la baloturnoj, montriĝis al mi majesta verd-rozkolora belaĵo: la giganto kapok-arbo, kiu superbe reĝas suravenue en Juiz de Fora. Ĝi petas nenion, tamen ĝi ĵus gajnis mian voĉdonon.

Maria Nazaré Laroca
Juiz de Fora, 05/10/2014.

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Arte na praça _ Arto ĉe placo


                                                        Ricardo Barcellos (Juiz de Fora MG Brasil)


Arte na praça

E a arte agora
decidiu morar
na minha praça.

Banhado em cores,
o olhar inaugura
uma nova geometria
a cada passo.  

E o muro convida
a um mergulho
num mar de cores,
pleno de  humanidade.

Pena que os passantes
não  degustam
o recado de Nietzsche
grafado no muro:


“A arte existe
para que a realidade
não nos destrua”.

Sentir a praça
é felicidade pura.


Arto ĉe placo

Kaj nun Arto
decidis vivi
ĉe mia placo.

La muro invitas
ke oni dronu
en la  mar’ de koloroj,
plena de homeco.

Domaĝe, ke paŝantoj
ne haltas por ĝui
la mesaĝon de Nietzsche
sur la mura galerio:

“Arto ekzistas
 por ke la realo
 ne nin detruu”.

Senti la placon
estas pura feliĉo.

Maria Nazaré Laroca
Juiz de Fora, 02/10/2014.

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Teatro _ Teatro



Teatro

A alma cega à deriva,
na noite do drama, orbita
a própria insensatez.

Às vezes garimpa estrelas:
dançarinas que lhe escapam
como peixes delicados.

A alma cega só avista
espinhos em vez de rosas;
e no seu jardim satírico
todo dia um sonho  morre.


Teatro  

Sen celo flosanta
sur la nokt’ de l’ dram’,
anim’ blinda orbitas
malsaĝecon sian.   

Kelkfoje ĝi kaptas stelojn:
dancistinojn, kiuj eskapas
kiel fiŝoj delikataj.  

Blinda anim’ nur ekvidas  
dornojn anstataŭ rozojn:
sur sia ĝarden’ satira
ĉiutage sonĝo mortas.

Maria Nazaré de Carvalho Laroca
Juiz de Fora, 28/08/2014.

terça-feira, 23 de setembro de 2014

Roteiro _ Scenaro




Roteiro

Caminhar de manhã na praça ao lado do condomínio onde moro é como fazer parte do cenário de um filme que muda a cada instante. E cada vez mais me deixo envolver por esse pertencimento.
O cheiro doce do abacaxi à mostra na feirinha mistura-se ao silêncio das árvores que abraçam a algazarra dos passarinhos.
Na sombra do quiosque, um homem vende água de coco e a sensação de férias à beira-mar.
Crianças brincam com cães que correm enlouquecidos de alegria; pessoas caminham apressadas (outras correm) e não reparam no   azul intenso dessa manhã de primavera. 
A cada passo, meu olhar recorta uma emoção nova. Hoje me comoveu a cena de um jovem pai compenetrado, dando mamadeira ao bebê faminto. Mas nada se compara à ternura que senti ao ver um cão puxando as rodinhas atadas às patas traseiras, sob os cuidados atentos da dona. 


Scenaro

La matena piedirado sur la placo apud la apartamentaro tie, kie mi loĝas ŝajnas aparteni  al la scenejo de filmo, kiu ŝanĝiĝas ĉiumomente. Kaj pli kaj pli mi permesas al mi tian apartenon. 
La dolĉa odoro de ananaso ĉe foireto miksiĝas kun la silento de l’ arboj, kiuj brakumas la bruegon de birdaro.
Sub la ombro de kiosko, viro vendas kokosan akvon kaj la  impreson de ferioj ĉe marbordo.
Infanoj ludas kun hundoj, kiuj gaje kuras freneze; homoj marŝas haste (iuj kuras) kaj ili ne rimarkas la intensan bluon de la printempa mateno.
Je ĉiu paŝo, mia rigardo eltranĉas novan emocion. Hodiaŭ kortuŝis min la sceno de juna patro serioze nutranta per suĉbotelo la malsatan bebon.
Tamen nenio estas pli emocia ol la hundo trenanta radetojn ligitajn al ĝiaj malantaŭaj kruroj sub la atenta zorgo de la mastrino.

Maria Nazaré Laroca
Juiz de Fora, 23/09/2014.

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Erosão _ Erozio



Erosão

Proibir que o vento sopre
na ossatura da rocha?
Em vão tenta o poeta,
semeando  sonhos priscos
nas fendas  que a primavera
insiste em reflorir.


Erozio

Malpermesi, ke vent’ blovu
sur l’ ostaron de la roko?
Provas vane la poeto
semante malnovajn revojn
en fendojn kiujn printemp’
ja insistas revivigi.

Maria Nazaré Laroca
Juiz de Fora, 15/09/2014.

terça-feira, 9 de setembro de 2014

Pequena árvore _ Malgranda arbo




Pequena árvore

Era uma árvore pequena, quase um arbusto, mas tinha a vantagem de voar quando pensava em asas. Os pássaros confidenciavam-lhe os segredos trazidos pelo vento. Entregava-se aos raios de sol com doçura, e os ramos logo teciam uma sombra para proteger as crianças e os cães que brincavam na praça.

Também bebia luares em taças que a noite servia em festas de solidão povoada de estrelas silenciosas.

Um dia descobriu a fragilidade de seu tronco; a casca estava ficando cada vez mais fina, e sentiu medo.  Então fechou os olhos; e a pequena águia alçou voo. 

Malgranda arbo

Ĝi estis malgranda arbo, kvazaŭa arbusto, sed ĝi kapablis  flugi tiam,  kiam  ĝi pensis pri flugiloj. Birdoj konfidis al ĝi la sekretojn alportitajn  de  vento.  

La arbeto  ĝuis  la sunradiojn kun dolĉeco, kaj la branĉoj tuj teksis ombron por protekti infanojn kaj hundojn ludantajn sur la placo.
Ĝi ankaŭ trinkis lunlumojn en kalikoj, kiujn la nokto servis dum solecaj festoj  plenaj de silentaj steloj.

Unu tagon ĝi malkovris la malfortikecon de sia trunko;  la ŝelo maldensiĝis pli kaj pli  kaj ĝi sentis timon.  Do ĝi  fermis la okulojn; kaj la eta aglo ekflugis.

Maria Nazaré Laroca
Juiz de Fora, 08/09/2014.