Textos em português e esperanto. Tekstoj en la portugala kaj en Esperanto.

Obrigada por sua visita! Dankon pro via vizito!

terça-feira, 21 de abril de 2015

Percepção _ Percepto


Percepção 

Minúsculo grão de luz

na poeira do tempo,
entrei na Vida
com uma bagagem apenas:
a infinita liberdade
de construir meu destino.

E devorei milênios 

com as armas
da ignorância 
E da insensatez...

Hoje, no entanto, cultivo

sonhos e versos
no oceano secreto
que habita o jardim
dentro de mim.
Minha viagem é sem fim...


Percepto


Minuskla grajno el lumo

en la polvo de l' tempo,
mi eniris en la sinon de l' Vivo
kun ununura bagaĝo:
la senfina libereco
konstrui mian destinon.

Kaj mi formanĝis jarmilojn
per armiloj de nescio
kaj malsaĝeco.

Hodiaŭ tamen
mi kultivas revojn kaj versojn
en la sekreta oceano,
kiu loĝas en la ĝardeno
ene de mi.
Mia vojaĝo senfinas...

Maria Nazaré Laroca
Cabo Frio, 21 / 04 / 2015

domingo, 22 de março de 2015

Silêncio _ Silento



Silêncio

De que cor é  esta alma inquieta?
Os meus olhos colhem o silêncio
lilás das violetas que sonham  nas janelas.

Mas lá fora a cidade devora
os ruídos apressados.
E o domingo de outono
se esvai em  sons  de chuva.

O pensamento então dança
em ruidosa procela...
E somente a música, um prelúdio,
de Bach ou Villa-Lobos talvez,
para fazer calar-me  a mente tagarela.



Silento

Kia estas la koloro  de ĉi malkvieta animo?
La okuloj rikoltas la purpuran silenton
de l’ violoj, kiuj sonĝas surfenestre.

Sed la urbo ekstere
voras hastemajn bruojn.
Kaj la dimanĉo aŭtuna
svenas en sonoj el pluvo.

Tiam la penso dancas
en  ventego brua ...
Nur  muziko, preludo,
eble de Bach aŭ Vila-Lobos, mian
menson babileman silentigos.
 

Maria Nazaré Laroca
Juiz de Fora, 22/03/2015.

sábado, 14 de março de 2015

Meu jardim _ Mia ĝardeno

"O Tejo é

       "O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia,
Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia.
Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia."
                  (Alberto Caieiro / Fernando Pessoa)
Meu jardim


A minha praça é o meu jardim

secreto, embora seja um parque

onde pessoas correm, caminham;

crianças e cachorros brincam;

pássaros cantam para o sol.


A minha praça é um templo

onde em silêncio contemplo

a paciência das árvores,

comungando com elas

a devoção à vida
.



Mia ĝardeno


La placo estas mia ĝardeno

sekreta, kvankam ĝi estas parko,

kie homoj kuras, marŝas;

infanoj kaj hundoj ludas;

birdoj kantas por suno.



La parko estas templo,

kie silente mi kontemplas

la paciencon de l’ arboj,

kaj kun ili mi kundividas

la sindonemon al vivo.
  

Maria Nazaré Laroca
Juiz de Fora, 14/03/2015.







terça-feira, 10 de março de 2015

Destino



Destino

Quantas camadas
de séculos
me fizeram?

Dentro de mim
essa alma estranha:
às vezes mar,
ora floresta,
ora montanha.

Meu pensamento
é vento, silêncio,
fina algaravia...

Quantas de mim
percebo nas esquinas
do mundo?

Replico-me, divido-me;
ultrapasso-me,
até ouvir a formiga
que cumpre seu destino, 
mas  não sabe.


Destino

Kiom da tavoloj
de jarcentoj
min konstruis?

Ene de mi
la stranga animo:
foje  mara
foje arbara
aŭ granda monto.

Mia penso
ventas
silentas
babelas...

Kiom da memoj
staras ĉe l’ anguloj
de l’ mondo?

Mi replikiĝas, dividiĝas;
mi trapasas min
ĝis sukcesi aŭdi
tiun formikon,
kiu la sorton plenumas
sed tion ne scias.

Maria Nazaré Laroca
Juiz de Fora, 10/03/2015.

domingo, 8 de março de 2015

Anotações para um poema _ Notoj por poemo



Anotações para um poema

Espírito da eternidade,
estou eu mulher agora
na lavoura do Criador.

Agradeço a este corpo
telúrico,  que outrora
aninhou duas sementes,
hoje flores aladas 
a caminho do sol.

Aprendiz do existir,
a minha paz vou tecendo,
na senda estreita do amor,
em rumo à transcendência.


Notoj por poemo

Spirito el eternec’,
nun mi fariĝas virin’
sur plugejo de l’ Kreint’.

Mi dankas ĉi tiun korpon
teran, en kiu nestiĝis
du semoj iam, hodiaŭ
jen flugilhavaj floroj
kiuj al suno survojas .

Pri ekzistado lernant’,
la pacon mi plu teksadas,
per mallarĝa voj’ de am’,
direkte al transcendeco.

Maria Nazaré Laroca
Juiz de fora, 08/03/2015.

domingo, 22 de fevereiro de 2015

Aula de Esperanto _ Esperanto-klaso
















                                                                                 Fotos de Ana Paula Soares Bartholomeu   (21/02/2015)
                                                                          
Aula de Esperanto

Os bares ruidosos celebram o sábado de verão com cerveja e futebol. São 17h e começo minha aula de Esperanto, numa sala plena de expectativa. 
Um simpático raio de sol vem estender-se à porta como um cão atento. Então transcendo os limites do meu entusiasmo e entrego-me a inefável alegria. 
De repente descubro que a felicidade é trabalho de amor. 

Esperanto-klaso

La bruaj drinkejoj festas la someran sabaton per biero kaj futbalo. Estas la 5-a posttagmeze kaj mi ekinstruas Esperanton en esperplena klasĉambro.
Bela sunradio sterniĝas antaŭ la pordo tiel,  kiel atenta hundo. Do mi transcendas la limojn de l’ entuziasmo kaj mi fordonas min al neesprimebla ĝojo. 
Subite mi ektrovas,  ke feliĉo estas amlaboro.

Maria Nazaré Laroca
Juiz de Fora, 22/02/2015.


segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

A voz da montanha _ La voĉo de la monto


                                                                                                           

A voz da montanha                                   
                                                                      
       
                                                            Para Dirce Sales

                                   
Pela palavra, escalo a montanha sagrada que pulsa ao ritmo do coração do velho pajé que me chama.
Nas asas da transcendência, alcanço o ponto mais alto, e recebo a força telúrica do sábio que medita envolto em nuvens.
Não há mais limite entre o céu e a terra. O tempo repousa no leito das horas. 
O sol reverencia a noite e o dia. As quatro estações dançam uma ciranda de alegria em volta de nós.


La voĉo de la monto
                                                    
                                                               Al Dirce Sales

Per la vortpovo, mi grimpas sur la sanktan monton, kiu pulsas je la ritmo de la koro de la maljuna ŝamano, kiu min alvokas.
Per flugiloj de transcendeco, mi atingas la plej altan punkton kaj akiras la teran forton de la indiĝena saĝulo, kiu meditas envolvita en nuboj.
Inter ĉielo kaj tero ne plu estas limo. Tempo kuŝas sur la lito de l’ horoj.
La suno riverencas antaŭ nokto kaj tago. La kvar sezonoj gaje rondodancas ĉirkaŭ ni.

Maria Nazaré Laroca
Juz de Fora, 16/02/2015,