Textos em português e esperanto. Tekstoj en la portugala kaj en Esperanto.

Obrigada por sua visita! Dankon pro via vizito!

sexta-feira, 8 de maio de 2015

Miserēre, miserēre!



O que fizemos de ti, Mãe Terra?
Estorcegam-te as entranhas,
semeando escombros.

A Natureza pranteia
os filhos perdidos no caos.
Esboroam-se séculos
de civilização e cultura.

Bradam tornados em fúria,
vomitam  vulcões em delírio.
Inundações, naufrágios...

A morte espreita as veias
exaustas do planeta.
Miserēre, miserēre!
Misericórdia, Senhor!


Kion ni faris el vi, Patrino Tero?
Tordiĝas viaj intestoj
kaj semiĝas  ruinoj.

Naturo funebras
la gefilojn perditajn en la kaoso.
Disfalas jarcentoj
el civilazaci’ kaj kultur’.
Kriegas furie  uraganoj,
Delire vomas vulkanoj.

Inundoj, ŝipdronoj...
La morto gvatas la vejnojn
elĉerpitajn de l’ planedo.
Miserēre, miserēre!
Mizerikordon, Sinjoro!

Juiz de Fora, 08/05/2015.
Maria Nazaré Laroca




sábado, 2 de maio de 2015

Outono _ Aŭtuno



Outono

Pelas veredas de maio,
gritam desejos de pássaro,
nostalgia de asas
nos jardins dessa lua
cheia de luz e fantasia.

Pelas veredas de maio,
desmaiam  lírios, jazem
folhas secas nos sonhos
de mais um  outono.



Aŭtuno

Tra la  padoj de majo
krias deziroj de birdo,
nostalgio pro flugiloj
en la ĝardenoj de l’ luno
plena je lum’ kaj fantazi’.

Tra la  padoj de majo
svenas lilioj, kuŝas
sekaj folioj sur sonĝoj
de  unu plia aŭtuno.

Maria Nazaré Laroca
Juiz de Fora, 02/05/ 2015.













terça-feira, 21 de abril de 2015

Percepção _ Percepto


Percepção 

Minúsculo grão de luz

na poeira do tempo,
entrei na Vida
com uma bagagem apenas:
a infinita liberdade
de construir meu destino.

E devorei milênios 

com as armas
da ignorância 
E da insensatez...

Hoje, no entanto, cultivo

sonhos e versos
no oceano secreto
que habita o jardim
dentro de mim.
Minha viagem é sem fim...


Percepto


Minuskla grajno el lumo

en la polvo de l' tempo,
mi eniris en la sinon de l' Vivo
kun ununura bagaĝo:
la senfina libereco
konstrui mian destinon.

Kaj mi formanĝis jarmilojn
per armiloj de nescio
kaj malsaĝeco.

Hodiaŭ tamen
mi kultivas revojn kaj versojn
en la sekreta oceano,
kiu loĝas en la ĝardeno
ene de mi.
Mia vojaĝo senfinas...

Maria Nazaré Laroca
Cabo Frio, 21 / 04 / 2015

domingo, 22 de março de 2015

Silêncio _ Silento



Silêncio

De que cor é  esta alma inquieta?
Os meus olhos colhem o silêncio
lilás das violetas que sonham  nas janelas.

Mas lá fora a cidade devora
os ruídos apressados.
E o domingo de outono
se esvai em  sons  de chuva.

O pensamento então dança
em ruidosa procela...
E somente a música, um prelúdio,
de Bach ou Villa-Lobos talvez,
para fazer calar-me  a mente tagarela.



Silento

Kia estas la koloro  de ĉi malkvieta animo?
La okuloj rikoltas la purpuran silenton
de l’ violoj, kiuj sonĝas surfenestre.

Sed la urbo ekstere
voras hastemajn bruojn.
Kaj la dimanĉo aŭtuna
svenas en sonoj el pluvo.

Tiam la penso dancas
en  ventego brua ...
Nur  muziko, preludo,
eble de Bach aŭ Vila-Lobos, mian
menson babileman silentigos.
 

Maria Nazaré Laroca
Juiz de Fora, 22/03/2015.

sábado, 14 de março de 2015

Meu jardim _ Mia ĝardeno

"O Tejo é

       "O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia,
Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia.
Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia."
                  (Alberto Caieiro / Fernando Pessoa)
Meu jardim


A minha praça é o meu jardim

secreto, embora seja um parque

onde pessoas correm, caminham;

crianças e cachorros brincam;

pássaros cantam para o sol.


A minha praça é um templo

onde em silêncio contemplo

a paciência das árvores,

comungando com elas

a devoção à vida
.



Mia ĝardeno


La placo estas mia ĝardeno

sekreta, kvankam ĝi estas parko,

kie homoj kuras, marŝas;

infanoj kaj hundoj ludas;

birdoj kantas por suno.



La parko estas templo,

kie silente mi kontemplas

la paciencon de l’ arboj,

kaj kun ili mi kundividas

la sindonemon al vivo.
  

Maria Nazaré Laroca
Juiz de Fora, 14/03/2015.







terça-feira, 10 de março de 2015

Destino



Destino

Quantas camadas
de séculos
me fizeram?

Dentro de mim
essa alma estranha:
às vezes mar,
ora floresta,
ora montanha.

Meu pensamento
é vento, silêncio,
fina algaravia...

Quantas de mim
percebo nas esquinas
do mundo?

Replico-me, divido-me;
ultrapasso-me,
até ouvir a formiga
que cumpre seu destino, 
mas  não sabe.


Destino

Kiom da tavoloj
de jarcentoj
min konstruis?

Ene de mi
la stranga animo:
foje  mara
foje arbara
aŭ granda monto.

Mia penso
ventas
silentas
babelas...

Kiom da memoj
staras ĉe l’ anguloj
de l’ mondo?

Mi replikiĝas, dividiĝas;
mi trapasas min
ĝis sukcesi aŭdi
tiun formikon,
kiu la sorton plenumas
sed tion ne scias.

Maria Nazaré Laroca
Juiz de Fora, 10/03/2015.

domingo, 8 de março de 2015

Anotações para um poema _ Notoj por poemo



Anotações para um poema

Espírito da eternidade,
estou eu mulher agora
na lavoura do Criador.

Agradeço a este corpo
telúrico,  que outrora
aninhou duas sementes,
hoje flores aladas 
a caminho do sol.

Aprendiz do existir,
a minha paz vou tecendo,
na senda estreita do amor,
em rumo à transcendência.


Notoj por poemo

Spirito el eternec’,
nun mi fariĝas virin’
sur plugejo de l’ Kreint’.

Mi dankas ĉi tiun korpon
teran, en kiu nestiĝis
du semoj iam, hodiaŭ
jen flugilhavaj floroj
kiuj al suno survojas .

Pri ekzistado lernant’,
la pacon mi plu teksadas,
per mallarĝa voj’ de am’,
direkte al transcendeco.

Maria Nazaré Laroca
Juiz de fora, 08/03/2015.