Textos em português e esperanto. Tekstoj en la portugala kaj en Esperanto.

Obrigada por sua visita! Dankon pro via vizito!

sábado, 19 de setembro de 2015

Mea-culpa _ Mia kulpo


Mea-culpa

                                                                      Para Flávia Laroca


Agonizam as cosmogonias,
quando o coração desafina
na aspereza da alma.

E o discurso escuro é lâmina
da  (des)razão estéril
que nos fere os afetos.

Então palavras cruas
açoitam o azul dessa manhã
de quase primavera...

E, agora, o grito
na Ágora do tempo:
preciso da água viva
da doçura, urgente!


Mia kulpo

Agonias kosmogonioj,
kiam la koro malagordiĝas
pro l’  krudeco de l’ animo.

Kaj la diskurso nigra estas klingo
de (mal)racio  vana,
kiu vundas niajn amojn.

Do krudaj vortoj
skurĝas la  ĉimatenan bluon,
kiu preskaŭ printempas ...

Kaj nun,  l’ekkrio
ĉe l’ Agoro de  l’ tempo:
mi bezonas l’ akvon vivan
el mildeco, urĝe!

Maria Nazaré Laroca
Juiz de Fora, 19/09/2015.

sábado, 12 de setembro de 2015

domingo, 6 de setembro de 2015

Inverno _ Vintro


https://www.youtube.com/watch?v=KZGi49Bnghs

Inverno

A cidade­­­­­­ desmaia em chuva
sob as cinzas de um céu sem cor.
Aquece-me a Polonaise de Chopin
e a saudade de um amor
que nunca vivi.


Vintro

La urbo svenas pluve
sub la cindroj de senkolora ĉielo.
Varmigas min la Polonez' de Ŝopen’
kaj la sopiro pri amo 
kiun mi  havis neniam.

Maria Nazaré Laroca
Juiz de Fora, 06/09/2010

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Silêncio _ Silento



Silêncio

E, cedo expulso do mundo,
flutua a dedilhar
luares e segredos
sobre a pele da brisa.

Mas seduz o poeta
e adentra o poema
por metáforas vazias
de ruídos banais.


Silento

El la mondo forpelita
ĝi ŝvebas pinĉante
lunbrilojn kaj sekretojn
sur la haŭto de l’ brizo.

Sed poeton ĝi allogas
kaj eniras en poemon
per metaforoj malplenaj
de bruadoj banalaj.


Maria Nazaré Laroca

Juiz de Fora, 26/08/2015.

sábado, 22 de agosto de 2015

Réquiem _ Rekviemo


Réquiem

Fui visitar o ausente
que não conheci.
Agora, face ao corpo morto
suavemente exposto
sob uma nuvem branca de flores,
uma impressão de ternura
me atravessa e suporta.

De paletó e gravata, pronto
para  a grande cerimônia,
os traços finos desenhados
na palidez impenetrável,
ali se expunha digno.

Não há vela, nem coroa,
nem o cheiro enjoado de ciprestes:
apenas o aconchego da lareira
e pessoas que conversam amenidades
numa indisfarçada celebração da vida.

Os olhos repisados
da mulher e dos filhos
lembram o inevitável dilaceramento.

Meu pensamento agradecido
saúda a energia que habitou aquele corpo
e, sem me dar conta,
sinto saudade daquele desconhecido
que se apresenta à felicidade
ao virar da última página.

      (Juiz de Fora, 1985)

Rekviemo

Mi vizitis la forestanton
nekonatan de mi.
Nun, antaŭ la mortinto
milde elmontrata
sub nubo blanka da floroj,
tenera impreso
min trairas kaj tenas.

Surhavante jakon kaj kravaton,
preta por la grava ceremonio,
la fajnaj trajtoj desegnitaj
sur nepenetrebla paleco,
tie li elmontriĝis digne.

Nek kandelo aŭ krono,
nek la naŭza odoro de l’cipresoj:
nur la varmo de l’ kameno
kaj homoj parolantaj agrablaĵojn
kiel nekaŝebla vivcelebro.

La plorantaj okuloj
de l' edzino kaj infanoj
memorigas la nepran kordisŝiron.

Mia danka penso
salutas l’energion
kiu loĝis en tiu korpo
kaj nerimarkite
mi sopiras la nekonaton,
kiu sin prezentis al feliĉo
post la turno de l' lasta paĝo.

Maria Nazaré Laroca
Juiz de Fora, 22/08/2015.

terça-feira, 18 de agosto de 2015

Deus _ Dio




Deus

Deus é verbo  causativo
de norte a sul do meu corpo.
Fonte,  matriz,  alimento
da minha razão de ser.

Não é senhor nem senhora;
não castiga nem perdoa,
embora o homem lhe empreste
um rosto, ritos, paixões.

Deus é energia que gera
a harmonia do infinito,
plasmando formas e essências
à sua imagem e semelhança.
  
Deus não se quer prisioneiro
dos templos frios de pedra:
é foco de luz contínua:
Deus é Lei, é Poesia.


Dio

Dio estas kaŭza verbo
de nord’ al sud’ de l’ korp’ mia.
Fonto, matrico, nutraĵo
de mia esto-kialo.

Nek sinjor’, nek sinjorin’;
neniun Di’ punas, pardonas,
kvankam homoj al Di’ donas
vizaĝon, ritojn, pasiojn.

Energio, kiu naskas
la senfinan harmonion,
muldanta formojn, esencojn:
ĉion je similec’ dia.

Di’ ne estas arestito
en fridaj temploj el ŝtono:
fokuso de lumo daŭra,
dia  Leĝo  Poezias.

Maria Nazaré Laroca
Juiz de Fora, 18/08/2015.