Notícia
No dia 10 de outubro
de 2008,
Eu vi pela tevê (e
chorei)
Uma
menininha gentil
Que passa fome no agreste do Brasil.
Com inocente delicadeza,
A menina de oito anos sorri
E abre a porta de sua miséria
Para o mundo
preocupado
Com a crise financeira
Das bolsas de valores.
E a menina raquítica
Informa com simplicidade:
- Quando não tem
o que comer,
Eu como barro e
bebo água...
Mas dá uma dor...
- Onde? No estômago?
(pergunta a repórter
com presteza.)
- Oh, não! Dói aqui
no coração...
De tanta tristeza...
Maria Nazaré
de Carvalho Laroca
In: Travessia do poema. Campinas: Pontes Editores; Juiz de Fora: FUNALFA, 2012, p. 44.
INFORMO
La 10-an oktobro 2008,
Televidile mi spektis
(kaj ploris)
Delikatan knabinon
Kiu malsatas (oh, terure!)
En kruda enlando de Brazil’.
Naive ridetas l’ infan’
La pordon malfermante
De sia mizero al mond’
Kiu zorgas pri falantaj
Borsoj internaciaj.
Kaj la rakita ulin’
Simplece kaj rekte informas:
- Tiam, kiam ne estas manĝaĵ’
Mi manĝas
koton kaj trinkas akvon...
Tamen, venas dolor’...
- Kien? Ventren? (demandas
la reportist’.)
- Ho, ne! Ĉi doloras la
kor’
Pro tiom da malĝoj’ ...
Maria Nazaré
de Carvalho Laroca