Em 1974 enviei um poema para Drummond, e ele me respondeu
com muita gentileza. A carta do poeta dizia assim:
Rio, 8 de julho de 1974.
Obrigado, amiga Nazaré,
pelo breve e essencial poema que me enviou e que tem, igualmente, “a doçura das
coisas não compradas”.
O abraço afetuoso e
admiração de
Carlos Drummond
Descoberta
A Carlos Drummond
de Andrade
Com a doçura das
coisas não compradas,
De repente a água
No corpo da rocha fez morada
E abrigo de sonhos
Em gestação antiga
e só.
No seio de cada
pedra,
Pétala de rosa
surpreendida
Misteriosamente cotidiana.
Maria Nazaré
de C. Laroca
In: Sem
cerimônia, 2ª ed. Juiz de Fora - MG, 2000. p. 30