QUASE-RESENHA
Maria Nazaré Laroca
(Percurso às avessas: Dorvalino
semimorre. Paulo Pereira Nascentes: Guaratinguetá, SP: Penalux, 2021.)
Conto-novela-poema-o-que-fosse: mas que o é! Inexplicável DNA!
Apoteose dos sem-gênero
literário! Prepare-se o leitor para essa
viagem sem volta!
Desaprenda! Desprograme-se! Carnavalização da textualidade!
Miolo narrativo tipo fio condutor dos poemas é que não.
“Teu olhar descabelado
verticaliza
horizontes marinhos
Romance às avessas: metarromance
em trânsito de poemas on the road...
Uma narrativa macunaímica, na
corda bamba de acrobacias lexicais, semânticas: acontecências, traquinagens místico-eróticas
de Dorvalino Mendes, ou Dorva, ou Lino!
Não vem para ludibriar o leitor
incauto, mas ludi-brilhar com
borbulhante turbilhão insone de ideias
indisciplinadas.
É o romance do grande poeta
Paulo Nascentes; são nascentes transbordantes de irreverência, humor, rebeldia,
delírio.
Uma biblioteca de magia em tempo
real: o novelo narrativo é turbulento.
Narrativa em (des)construção, deslumbrando o leitor perplexo, preso no enredo
desse universo paralelo: um videogame verbal costurado de filosofia na montanha
russa do prazer inefável do subterrâneo das palavras, nos bastidores das
metáforas e metonímias! Vertigem abissal da semiótica em delírio metapoético.
Eu também vivi o tempo da
ditadura; difícil dar aula de literatura!
Tromba d’água, Poemance na
voz do outro grande Paulo, o Sergio Viana.
Dançando com as palavras a música
da epifania: imanência e transcendência;
reverência ao Sagrado Templo-Corpo. Poesia cósmica apesar
da tortura.
Om! Namaste, Aurora interior! Apertou a tecla print do seu ser.
Borboleta encantada: Dorvalino
somos todos nós!