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sábado, 17 de setembro de 2016

Joia rara






A Domingos Montagner

O retrato falado de um homem de bem se agiganta e aprimora-se a cada homenagem dos amigos e colegas de trabalho: alegria de viver, entusiasmo, simplicidade, generosidade, doçura, gentileza, integridade de alma, coragem...
Admirável seu último gesto quixotesco ao poupar a dama que desesperadamente tentava resgatá-lo dos braços do velho Chico...
Reaprendi com você, Domingos Montagner, que não importam os títulos e honrarias que inflam o ego e provocam admiração invejosa... O que importa é o sentimento: o amor que você plantou na memória do coração das pessoas.

Que brilhe sua luz nos picadeiros do Céu! 


Maria Nazaré Laroca
Juiz de Fora, 17/09/2016.
                                                                                               




sábado, 10 de setembro de 2016

Acalanto _ Lulkanto




Acalanto

Pai nosso, e não apenas meu,
em que  tesouro incerto
ficou meu coração, Senhor?
- Reclama a alma inquieta.

Cega fonte de luz e trevas,
não aprendi a florescer
no  jardim do Teu amor.

Mas graças a Ti,  Senhor
da vida, descobri agora  
a Tua esperança silenciosa.


Lulkanto

Patro nia, ne nur mia,
en  kiu trezor’ necerta
mia kor’ restis,  Sinjor’?
- Maltrankvila anim’ plendas.

Blinda fonto de lum’ kaj tenebr’,
mi ne lernis flornaskiĝi
en la ĝarden’ de amo Via.

Sed danke al Vi, Sinjoro
de l’ vivo, mi nun eltrovis  
Vian silentan esperon.

Maria Nazaré Laroca
Juiz de Fora, 10/09/2016.



                   

domingo, 4 de setembro de 2016

Exposição _ Ekspozicio



  

Exposição


O perfume silencioso
das orquídeas, joias
expostas, faz vibrar
a melodia do hálito
divino que nos move.


Ekspozicio

La silenta parfumo
de l’ orkideoj,
montrataj juveloj,
vibrigas la melodion
de la dia spiro,  
kiu nin movas.

Maria Nazaré Laroca
Juiz de Fora, 04/09/2016.


sábado, 27 de agosto de 2016

Pretensão _ Pretendo




Pretensão

Tem poemas rebeldes,  
sem-teto e sem-poesia,  
que se manifestam destemidos,  
nas redes pós-modernas,  
desprezando ritmos e rimas
e óbvias lexias.

Também há os que respiram
lágrimas de um passado
tempo, a viver morto
em presente fugidio.

Muitos outros  atordoam
indefesas palavras
no picadeiro sem medo
de acrobacias loucas.

Nesse tonel de sentidos,
aprendiz que sou, me perco,
a esperar que meus ingênuos versos
sejam sementes de paz, ao menos,
na terra inquieta da alma
de quem os ler um dia.



Pretendo

Estas ribelemaj poemoj,
senhejmaj, senpoeziaj,
kiuj sentime manifestacias,
ĉe postmodernaj retoj,
malestimante ritmojn kaj rimojn
kaj vortojn evidentajn.

Ankaŭ estas tiuj, kiuj spiras
larme pro estinta
tempo, kiu mortvivas
tra pasema nuno.

Multaj aliaj konfuzas
sendefendajn vortojn
ĉe l’ areno sentima
de kaprioloj frenezaj.

En tia barel’ da sencoj,
mi ĉion lernas kaj perdiĝas
esperante, ke miaj versoj naivaj
estos pacaj semoj almenaŭ
sur la malkvieta grund’ de l’ anim’
de miaj legontoj iamaj.

Maria Nazaré Laroca

Juiz de Fora, 28/08/2016

quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Transeunte _ Piediranto



Transeunte

Invisível na multidão,
o olhar vagabundo do poeta
tropeça nos sonhos e segredos
dos rostos que por ele passam.

No meio da turba, não se turba;
recortando angústias e quimeras
para nutrir-lhe os versos imperfeitos.

Mas, cúmplice de Deus,
prossegue o poeta na certeza
de que cada um que passa
é um mundo que orbita 
a Sua luz, e não sabe.            
                                                                          

Piediranto

Nevidebla en homamaso,
la vagabonda rigard’ de l’ poeto
stumblas ĉe revoj kaj sekretoj
de preterpasantaj vizaĝoj.

Meze de l’amaso, li ne tristas;
angorojn tranĉante kaj ĥimerojn
por nutri siajn versojn neperfektajn.

Sed komplico de Dio,
persistas la poeto tutcerta,
ke ĉiu preterpasanto
estas mondo, kiu Lian lumon
orbitas, kaj ne scias.

Maria Nazaré Laroca
Juiz de Fora, 24/08/2016.



terça-feira, 16 de agosto de 2016

Pausa _ Paŭzo




Pausa

Pássaro ferido, meu ombro 
ainda sonha  que suporta o mundo,   
para espanto dos deuses e titãs.

E, assim, ledo descansa
o segredo de guardar um fardo
que, cada vez mais leve, se esvazia:

a magia de envelhecer sem pressa
sob o jugo sereno da Poesia.


Paŭzo

Birdo vundita, mia ŝultro
ankoraŭ mondon subteni revas,  
malgraŭ  miro de l’ dioj kaj titanoj.

Kaj tiel gaje ripozas
ŝarĝon gardi la sekreto,
kiu pli kaj pli malpeze malpleniĝas:

la magio senhaste maljuniĝi
sub la serena jugo de l’ Poezio. 

Maria Nazaré Laroca
Juiz de Fora, 16/08/2016.

sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Consciência _ Konscio



Consciência

E eis que foi lançada um dia
pequenina semente de luz, 
na arena do livre-arbítrio.

E ela se apagou e cresceu 
em egoísmo e soberba, 
negando o Jardineiro,
apesar de  Sua presença.

Mas entre espinhos e plumas,
no cadinho do tempo, 
a criatura experimenta

A  geometria ingênua
do pássaro que passa
e o desafio da árvore
que voa em cores
sem sair do lugar.

Ser livre também dói.


Konscio

Kaj iam estis lanĉita
eta semo el lumo
en l’ arenon de libervolo.


Kaj ĝi mallumiĝis kaj kreskis 
egoisme kaj  malhumile, 
neante la Ĝardeniston,
malgraŭ Lia ĉeesto.

Sed inter dornoj kaj  plumoj,
en la fandujo de l’ tempo, 
la kreito provadas

La naivan geometrion
de pasanta birdo,
kaj  la defio de  l’arbo,
kiu flugas  kolore
sen la lokon forlasi.

Libereco ankaŭ doloras.

Maria Nazaré Laroca
Juiz de Fora, 12/08/2016.



sexta-feira, 5 de agosto de 2016

Última hora _ Lasthore


Última hora

No exílio da alma,
um rio de vozes serpenteia
em busca de mim.

E na teia do silêncio
pulsa a pedra  adormecida
à espera do Sol.

De vez em quando,
amanheço diamante;
de vez em quando,
uma voz escorre e molha
minha palavra indomada...
Difícil voltar para Casa.


Lasthore

En l'animekzilo,
rivero el voĉoj 
serĉante min
serpentumas.

Kaj en la teksaĵo 
de l’ silento
dormanta ŝtono
pulsas atende al Sun'.

De tempo al tempo,
mi diamantas matene;
de tempo al tempo,
gutas voĉo kaj surverŝas
mian nedresitan parolon…
Malfacilas reveni al Hejmo.

Maria Nazaré Laroca

Juiz de Fora, 05/08/2016.

domingo, 17 de julho de 2016

Fantazio


                                                Al Bertilo Wennergren                                  
Lastan klason en NASK.
Tra la verda aero,
dancas lumaj vorteroj,
kiel feinoj pacaj.

La magia ĉapelo
sur la tablo dormetas...
Sed tute ne atendite
Bertilo diras gracie:
"Mi ŝvebas super la ter'!"

Kaj flokoj el feliĉo
milde falas sur nin,
kiel sopira vual’...
Jenas mondo reala!

Maria Nazaré Laroca
Juiz de Fora, 17/07/2016.


domingo, 19 de junho de 2016

Ignoto motivo _ Nekonata motivo


                            “A mente é o espelho da vida em toda parte.” (Emmanuel/ F.C.Xavier)
                           “Ĉie la menso montriĝas kiel la spegulo de la vivo.” (Emmanuel/ F.C.Xavier)

Ignoto  motivo                                                   

Todos nós somos
versos  imperfeitos
do infinito poema
perfeito do Criador.

A mente é espelho
que reflete o mundo:
só Deus cria, portanto,
e o homem copia,
mesmo quando sonha.

E uma sinfonia
de vozes rebeldes
me persegue e instiga
quando busco a luz.

E eis que escuto
o farfalhar da ideia
nesse voo epistêmico:

Eu só existo
porque Deus É.
Mas por que, então, Senhor,
Tu me criaste um dia,
na poeira dos milênios?


Nekonata motivo

Ĉiuj ni estas
neperfektaj versoj
de l’ senfina poemo
perfekta de l’ Kreinto.

Estas la menso  spegulo
reflektanta la mondon:
nur Dio kreas, do,
kaj homo faras kopiojn,
eĉ kiam li sonĝas.

Kaj simfonio
de ribelaj voĉoj
min persekutas
kaj instigas tiam,
kiam mi serĉas la lumon.

Kaj jen mi aŭskultas
la bruegon de l’ ideo
en tiu flugo epistemologia:

Mi nur ekzistas
ĉar Dio estas...
Sed kial do, Sinjoro,
Vi min kreis  unu tagon,
en la polvo de  jarmiloj?

Maria Nazaré Laroca
Juiz de Fora, 18/06/2016.


segunda-feira, 13 de junho de 2016

Gratidão _ Dankemo



Gratidão

Gosto de caminhar na praça,
para colher poemas ocultos
entre cores e arbustos.

E eis que o voo grácil
de  borboleta menina
tange as cordas do mundo
e assina uma canção azul
que perfuma este outono
a esfumar-se em doce inverno.


Dankemo

Mi ŝatas marŝi sur placo,
por rikolti poemojn kaŝitajn
inter koloroj kaj arbetoj.

Kaj jen la  delikata flugo
de knabina papilio
la kordojn  de l’ mondo plukas
kaj bluan kanzonon komponas,  
parfumante ĉi tiun aŭtunon,   
kiu fariĝas dolĉa vintro.

Maria Nazaré Laroca
Juiz de Fora, 13/06/2016.

domingo, 12 de junho de 2016

Crônica junina _ Junia kroniko




Crônica junina

Traço versos tão singelos
quanto a cena interiorana:
no dia 13 de junho, 
a imagem de Santo Antônio,
da cidade o padroeiro,
vem para fora da igreja
ao encontro dos fiéis,

que lhe vêm beijar os pés
ou entregar-lhe recados,
súplicas de matrimônio,
votos de agradecimento
pelas graças alcançadas.

E o bom santo anfitrião
sorri apesar do frio,
aquecido pelo afeto,
na festa dos corações.


Junia kroniko

Mi versas tiel naive,
kiel la sceno provinca:
en la 13-a junie,
la statu' de Sankta Anton'
de la urbo la patron'
elvenas el la preĝejo
por akcepti fidelulojn,

kiuj  kisas la piedojn
aŭ donas al ĝi mesaĝojn,
petegojn por geedzeco,
ankaŭ dankajn bondezirojn
pro  la gracoj ricevitaj.

Kaj la bona gastiganto 
ridetas malgraŭ la frosto,
varmigita de la amo
en la festo de la koroj.

Maria Nazaré Laroca 
Juiz de Fora, 12/06/2016.