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sábado, 17 de novembro de 2012

Rapsódia matinal


    

"O homem é uma corda distendida entre o animal e o super-homem: uma corda sobre um abismo; travessia perigosa (...)." Friedrich Nietzsche

A menina de cinco anos
balança sua alegria
na corda atada
nos galhos da mangueira.

Ela não suspeita
de outra corda:
a mulher de cinquenta
que desafia o abismo.

A menina está feliz
com a inocência
de seu instante;
no entanto desconfia
desse abismo de plumas
de temível doçura...

Então fia e desfia
a seda do rio do tempo
que retorna sempre...

A mulher de cinquenta
atravessa o espelho
e dialoga com o caos.

Ela quer provar o saber
e o sabor de todos
os homens e mulheres,
mas consegue beber
o olho azul do dia
na taça que transborda
esse sol de inverno...

Maria Nazaré de C. Laroca
In: Travessia do poema. Juiz de Fora: FUNALFA; Campinas:Pontes Editores, MG.2012. p.19

8 comentários:

Lázara papandrea disse...

que coisa mais linda: A menina, a mulher,o tempo,o sonho ..."beber o olho azul do dia" Lindo!

André Luiz Vianna disse...

Gostei muito, Nazaré! Ela não suspeita/de outra corda:/a mulher de cinquenta/que desafia o abismo.
Eis a poesia!

Blogdopaulo disse...

Bela poemo! Pensiga kaj forta.

Lucas Laroca disse...

Belo poema, sem duvida. O ser humano vive in media res

cecília de mariz disse...

Mto lindo, como tudo q vc escrve.Cecy

ursula disse...

Kia dolĉa konscia animo en via nuna korpo...

Angela Faria disse...

Belega poemo!!! Por pripensi...

Lírica disse...

Jen dangxera defio... Gratulon, poetino!
Viaj versoj similas al ia (trapésio) kiun iras kaj revenas aere, bele, dangxere kaj pro tio, tro alloga.
Kisojn.