Tempo
Está feio lá fora.
A ciranda dos ratos
nos telhados
cobiça a carne branca
da lua
violentada pelo século
XX.
Mas o poeta tem ouvido
para ouvir
o rufar dos estômagos
vazios
boiando na noite.
A dor perfura as
entranhas do silêncio
e se transforma em
sangue e sal
que devora os álbuns
de família.
Está feio lá fora,
e as horas incomodam
como moscas.
O poeta sente náuseas
de todos os discursos
digestivos do mundo.
Entretanto, só ele
sabe
que existe uma aurora
amordaçada
no fundo de cada
noite.
1º Lugar- (Júri Popular) “Primeiro concurso nacional de poesias Vinícius de Moraes - para servidor público.” - Rio de Janeiro - 1984.
Terura vetero
Terura vetero ekstere!
Ratoj rondodancas sur
tegmento
kaj avide rigardas
la blankan lunan
karnon
perfortitan de la
dudeka jarcento.
Sed la poeto povas
aŭskulti
la tamburadon de
malplenaj stomakoj,
flosantaj en la nokto.
Doloro boras la koron
de l’ silento, kaj
transformiĝas en sangon kaj en salon,
kiu voras la
famili-albumojn.
Terura vetero ekstere!
Kaj la horoj nin ĝenas, kiel muŝoj.
La poeton naŭzas
digestigaj diskursoj
de la mondo.
Sed la poeto bone scias,
ke ekzistas aŭroro kun
buŝumo
kaŝita en la fundo de
la nokto.
Unua premio (donita de La Popola juĝantaro) "Unua nacia poezikonkurso Vinícius de Moraes
- por publika servisto.“ - Rio de Ĵanejro - 1984.
Maria Nazaré de
Carvalho Laroca
Rio de Janeiro, 1984.
6 comentários:
Brave! Meritita premio! Kaj krome tre aktuala, ghis nun!
Bela poemo! "Entretanto, só ele sabe/ que existe uma aurora amordaçada/ no fundo de cada noite". E cantávamos: "Amanhã vai ser outro dia!"
Mi amegis la poezion. Gxi estas profunda, inteligenta, emocia! Grandan brakumon! Marly Freitas
"Entretanto, só ele sabe/ que existe uma aurora amordaçada/ no fundo de cada noite"... dizer mais o que? você já disse tudo, poeta!
Muito bonito, meus parabéns!
Emocia poemo kaj tre profunda 👏❣
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