Textos em português e esperanto. Tekstoj en la portugala kaj en Esperanto.

Obrigada por sua visita! Dankon pro via vizito!

terça-feira, 2 de junho de 2015

Passos _ Paŝoj




Passos

O olhar do poeta
tropeça nas nuvens
do caminho e sonha
decifrar o encanto
da dança binária
dos pés que passam
em humano compasso.

E, passo a passo,
a vida desfolha as horas
na curva infinita do tempo.
O salto é descompasso:
risco de queda ou voo.
  
Paŝoj

La rigardo de l’ poeto
faletas en la nuboj
de la vojo kaj sonĝas
deĉifri la ĉarmon
de la dutempa danco
de l’ marŝantaj piedoj
laŭ la homa takto.

Kaj, paŝon post paŝo,
horojn viv’ senfoliigas  
en la senfina  tempkurbo.
Sentaktas la salto:
risko de falo aŭ flugo.

Maria Nazaré Laroca
Juiz de Fora, 02/06/2015.





sábado, 30 de maio de 2015

Juiz de Fora: 165 anos!



É festa de aniversário,
mas na cidade operária,
tecelã da poesia,
sopra o vento da saudade
no presente da alegria.

É Juiz de Fora tão dentro
do coração de seus filhos,
que mesmo fora, distantes,
querendo, a alma se aninha
nos braços de suas montanhas.

É festa de aniversário,
mas na cidade operária,
tecelã da poesia,
sopra o vento da saudade
no presente da alegria...
 
Maria Nazaré Laroca
Juiz de Fora, 31 de maio de 2015.

domingo, 24 de maio de 2015

Sem cerimônia _ Senceremonie

 


Sem cerimônia

 
Eis na linha do meu tempo,

a data que volta sempre,

trazendo um desassossego,

e  filosofias inventa...

 
Nasci de um corte sincrônico

na diacronia do eterno.

De Gêmeos: Castor e Pólux

em  coexistência amistosa...

 
Mineira por vocação,

tento cultivar silêncios

no céu  das ambiguidades. 

 
Caçadora de sentidos,

corto e costuro palavras

na arena da poesia.

E, quando choro, sorrio:

sou rio morro acima.
 
 
Senceremonie

Jen sur mia templinio,
la dato, kiu ĉiam revenas,
portanta maltrankvilecon,
filozofiojn elpensas...
 
Mi naskiĝis per tranĉ’ sinkrona
en la diakrona etern’,
El Ĝemeloj: Kastor’ kaj Poluks’
en kunvivo amikeca...

El Minoj pro mem inklin’,
en la ĉiel’ de l’
dusenc’,
kultivi silenton mi provas.
 
Ja, ĉasistino de sencoj,
mi tranĉas kaj kudras vortojn
ĉe l’ areno de l’ poezio.
Kiam mi ploras, ridetas:
supreniranta river’.
 
 
Maria Nazaré Laroca
Juiz de fora, 27/05/2015.
 
 
 

 

sábado, 23 de maio de 2015

No meio do caminho tinha um cão _ Sur la mezo de l’ vojo kuŝis hundo

No meio do caminho tinha um cão;
e ele dormia a sua liberdade, atravessado
no chão alegre de sol dessa manhã fria de maio.
Sem pedir licença, sem perguntar se incomodava;
aliás nem sabia disso: ele simplesmente existia.

Sur la mezo de l’ vojo kuŝis hundo

Sur la mezo de l’ vojo kuŝis dormanta hundo;
kaj tute senĝene ĝi endormigis sian liberecon
sur la sungaja grundo de l’ malvarma mateno maja.
Al ni ĝi ne petis permeson, ĝi demandis nenion;
fakte ĝi eĉ pri ĝeno ne scias: ĝi tutsimple ekzistis tie.

Maria Nazaré Laroca
Juiz de Fora, 23/05/2015.

domingo, 17 de maio de 2015

Despertar _ Vekiĝo


Despertar

No meu universo inacabado,
Deus é o sol interno
que me acende a alma
a vagar ainda
pelas nuvens cinza da ilusão.
Mas, então, aos poucos,
com as gotas desse Amor,
vou plasmando em luz
a gratidão pelo privilégio
de ser Sua criatura.

Vekiĝo

En mia nefinita universo,
Dio estas la interna suno,
kiu lumigas l' animon
ankoraŭ vagantan 
tra la grizaj nuboj el iluzio.
Sed tiam, laŭgrade,
per lumgutoj de Amo tia,
mi ade muldas plu
dankemon pro l' privilegio
esti  kreito dia.

Maria Nazaré Laroca
Rio de Janeiro /Juiz de Fora, 16/05/2015.

terça-feira, 12 de maio de 2015

Dança _ Danco



As  árvores da praça se erguem  na ponta dos pés, em devoção ao infinito. Mas destaca-se uma, estendida na relva com graça, como uma bailarina, a receber os aplausos azuis do sol de maio.
Ela foi tombando devagarinho ao compasso do tempo. Em aparente repouso, trabalha ainda. Na primavera, enfeita-se de flores cor de rosa e, com doçura, recebe os namorados e a alegria das crianças.   


Danco
La arboj de la placo staras piedpinte, sindoneme al la senfino. Sed jen unu el ili, kiu distingiĝas gracie kuŝante sur la herbo, kiel dancisto por ricevi la bluajn aplaŭdojn de la maja suno.
Ŝi ade kaj lante renversiĝis laŭ la takto de l' tempo. En ŝajna ripozo, ĝi ankoraŭ laboras. Printempe sin ornamas ĝi per rozkoloraj floroj, kaj dolĉe akceptas la amindumantojn kaj la ĝojon de l' infanoj.

Maria Nazaré Laroca
Juiz de Fora, 12 /05/2015.

sábado, 9 de maio de 2015

Sintonia _ Agordo



Sintonia

E o sabiá caminha com leveza
na grama do jardim;
olha para um lado, ora para o outro;
de repente olha para mim,
e meu tempo  se eterniza!


Agordo

Kaj  turdo marŝas malpeze
sur la  herbo de l’ ĝardeno;
jen ĝi rigardas flanken, jen alien;
subite ĝi ekvidas min,
kaj mia tempo  eterniĝas!

Maria Nazaré Laroca
Juiz de Fora 09/05/2015.


sexta-feira, 8 de maio de 2015

Miserēre, miserēre!



O que fizemos de ti, Mãe Terra?
Estorcegam-te as entranhas,
semeando escombros.

A Natureza pranteia
os filhos perdidos no caos.
Esboroam-se séculos
de civilização e cultura.

Bradam tornados em fúria,
vomitam  vulcões em delírio.
Inundações, naufrágios...

A morte espreita as veias
exaustas do planeta.
Miserēre, miserēre!
Misericórdia, Senhor!


Kion ni faris el vi, Patrino Tero?
Tordiĝas viaj intestoj
kaj semiĝas  ruinoj.

Naturo funebras
la gefilojn perditajn en la kaoso.
Disfalas jarcentoj
el civilazaci’ kaj kultur’.
Kriegas furie  uraganoj,
Delire vomas vulkanoj.

Inundoj, ŝipdronoj...
La morto gvatas la vejnojn
elĉerpitajn de l’ planedo.
Miserēre, miserēre!
Mizerikordon, Sinjoro!

Juiz de Fora, 08/05/2015.
Maria Nazaré Laroca




sábado, 2 de maio de 2015

Outono _ Aŭtuno



Outono

Pelas veredas de maio,
gritam desejos de pássaro,
nostalgia de asas
nos jardins dessa lua
cheia de luz e fantasia.

Pelas veredas de maio,
desmaiam  lírios, jazem
folhas secas nos sonhos
de mais um  outono.



Aŭtuno

Tra la  padoj de majo
krias deziroj de birdo,
nostalgio pro flugiloj
en la ĝardenoj de l’ luno
plena je lum’ kaj fantazi’.

Tra la  padoj de majo
svenas lilioj, kuŝas
sekaj folioj sur sonĝoj
de  unu plia aŭtuno.

Maria Nazaré Laroca
Juiz de Fora, 02/05/ 2015.













terça-feira, 21 de abril de 2015

Percepção _ Percepto


Percepção 

Minúsculo grão de luz

na poeira do tempo,
entrei na Vida
com uma bagagem apenas:
a infinita liberdade
de construir meu destino.

E devorei milênios 

com as armas
da ignorância 
E da insensatez...

Hoje, no entanto, cultivo

sonhos e versos
no oceano secreto
que habita o jardim
dentro de mim.
Minha viagem é sem fim...


Percepto


Minuskla grajno el lumo

en la polvo de l' tempo,
mi eniris en la sinon de l' Vivo
kun ununura bagaĝo:
la senfina libereco
konstrui mian destinon.

Kaj mi formanĝis jarmilojn
per armiloj de nescio
kaj malsaĝeco.

Hodiaŭ tamen
mi kultivas revojn kaj versojn
en la sekreta oceano,
kiu loĝas en la ĝardeno
ene de mi.
Mia vojaĝo senfinas...

Maria Nazaré Laroca
Cabo Frio, 21 / 04 / 2015

domingo, 22 de março de 2015

Silêncio _ Silento



Silêncio

De que cor é  esta alma inquieta?
Os meus olhos colhem o silêncio
lilás das violetas que sonham  nas janelas.

Mas lá fora a cidade devora
os ruídos apressados.
E o domingo de outono
se esvai em  sons  de chuva.

O pensamento então dança
em ruidosa procela...
E somente a música, um prelúdio,
de Bach ou Villa-Lobos talvez,
para fazer calar-me  a mente tagarela.



Silento

Kia estas la koloro  de ĉi malkvieta animo?
La okuloj rikoltas la purpuran silenton
de l’ violoj, kiuj sonĝas surfenestre.

Sed la urbo ekstere
voras hastemajn bruojn.
Kaj la dimanĉo aŭtuna
svenas en sonoj el pluvo.

Tiam la penso dancas
en  ventego brua ...
Nur  muziko, preludo,
eble de Bach aŭ Vila-Lobos, mian
menson babileman silentigos.
 

Maria Nazaré Laroca
Juiz de Fora, 22/03/2015.

sábado, 14 de março de 2015

Meu jardim _ Mia ĝardeno

"O Tejo é

       "O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia,
Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia.
Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia."
                  (Alberto Caieiro / Fernando Pessoa)
Meu jardim


A minha praça é o meu jardim

secreto, embora seja um parque

onde pessoas correm, caminham;

crianças e cachorros brincam;

pássaros cantam para o sol.


A minha praça é um templo

onde em silêncio contemplo

a paciência das árvores,

comungando com elas

a devoção à vida
.



Mia ĝardeno


La placo estas mia ĝardeno

sekreta, kvankam ĝi estas parko,

kie homoj kuras, marŝas;

infanoj kaj hundoj ludas;

birdoj kantas por suno.



La parko estas templo,

kie silente mi kontemplas

la paciencon de l’ arboj,

kaj kun ili mi kundividas

la sindonemon al vivo.
  

Maria Nazaré Laroca
Juiz de Fora, 14/03/2015.







terça-feira, 10 de março de 2015

Destino



Destino

Quantas camadas
de séculos
me fizeram?

Dentro de mim
essa alma estranha:
às vezes mar,
ora floresta,
ora montanha.

Meu pensamento
é vento, silêncio,
fina algaravia...

Quantas de mim
percebo nas esquinas
do mundo?

Replico-me, divido-me;
ultrapasso-me,
até ouvir a formiga
que cumpre seu destino, 
mas  não sabe.


Destino

Kiom da tavoloj
de jarcentoj
min konstruis?

Ene de mi
la stranga animo:
foje  mara
foje arbara
aŭ granda monto.

Mia penso
ventas
silentas
babelas...

Kiom da memoj
staras ĉe l’ anguloj
de l’ mondo?

Mi replikiĝas, dividiĝas;
mi trapasas min
ĝis sukcesi aŭdi
tiun formikon,
kiu la sorton plenumas
sed tion ne scias.

Maria Nazaré Laroca
Juiz de Fora, 10/03/2015.