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quinta-feira, 12 de agosto de 2021

Lâmina _ Klingo

 

                                                                                                             

Lâmina

Só tenho agora

a lua nova:

sorriso em lâmina

de Mona Lisa

no crepúsculo

de ausências

doendo.


Klingo

Mi havas nun

nur la novlunon:

rideton klingan

de Mona Lisa

ĉe krepusko

de dolorantaj

forestoj.

 

Maria Nazaré Laroca

Juiz de Fora, 12/08/2021.

Brazilo


terça-feira, 10 de agosto de 2021

Sofisticada artesania

 

Esmo Poemas. Paulo Sergio Viana. 1 ed. Lorena -SP; Brasília: Agência Comunica, 2020.


Somente hoje, depois de cuidadosa releitura, tive coragem para tentar falar do livro de poesia que ganhei de presente do autor, poeta e amigo, Paulo Sergio Viana, em novembro de 2020.

Mesmo fechado sobre a mesinha de cabeceira, dava para ouvir a música dos poemas.

Era só abrir uma página a esmo, e o inefável encantamento acontecia. Eu podia ouvir o verde do silêncio dos pensamentos inapreensíveis em versos tecidos com esmero, esmeril de um Poeta que sabe polir as palavras, pedras preciosas, com reverência, delicadeza e alguma melancolia.

O verso está cansado de ser lido.

Deixa-o soar em voo

dentro de ti.

E lá se vão como pássaros boêmios poemas suaves, sonetos imponentes, trovas brejeiras, floridas aldravias...  Então a saudade de Lisboa nos revisita.

Mas tudo muito bem infiltrado de doce filosofia porque

a vida é uma estranha

ilusão chamada tempo.

O livro é Poesia toda inteira como os sonhos do Poeta.

Lá dentro o homem é um enigma.


Maria Nazaré Laroca

Juiz de Fora, 10/08/2021


sábado, 31 de julho de 2021

QUASE-RESENHA


 

QUASE-RESENHA

Maria Nazaré Laroca


(Percurso às avessas: Dorvalino semimorre. Paulo Pereira Nascentes: Guaratinguetá, SP: Penalux, 2021.)

Conto-novela-poema-o-que-fosse: mas que o é!  Inexplicável DNA!            

Apoteose dos sem-gênero literário!  Prepare-se o leitor para essa viagem sem volta!

Desaprenda! Desprograme-se!  Carnavalização da textualidade!     

Miolo narrativo tipo fio condutor dos poemas é que não.                                     

“Teu olhar descabelado

verticaliza

horizontes marinhos

Romance às avessas: metarromance em trânsito de poemas on the road...

Uma narrativa macunaímica, na corda bamba de acrobacias lexicais, semânticas: acontecências, traquinagens místico-eróticas de Dorvalino Mendes, ou Dorva, ou Lino!

Não vem para ludibriar o leitor incauto, mas ludi-brilhar com borbulhante turbilhão insone de ideias indisciplinadas.

É o romance do grande poeta Paulo Nascentes; são nascentes transbordantes de irreverência, humor, rebeldia, delírio.

Uma biblioteca de magia em tempo real: o novelo narrativo é turbulento. Narrativa em (des)construção, deslumbrando o leitor perplexo, preso no enredo desse universo paralelo: um videogame verbal costurado de filosofia na montanha russa do prazer inefável do subterrâneo das palavras, nos bastidores das metáforas e metonímias! Vertigem abissal da semiótica em delírio metapoético.

Eu também vivi o tempo da ditadura; difícil dar aula de literatura!

Tromba d’água, Poemance na voz do outro grande Paulo, o Sergio Viana.

Dançando com as palavras a música da epifania: imanência e transcendência;

reverência ao Sagrado Templo-Corpo. Poesia cósmica apesar da tortura.

Om! Namaste, Aurora interior! Apertou a tecla print do seu ser.

Borboleta encantada: Dorvalino somos todos nós!

 

 

 

 


sexta-feira, 9 de julho de 2021

CORAGEM _ KURAĜO



CORAGEM


Amanhã cedo farei nova cirurgia para retirada de um torturante parafuso 

dentro dos ossos do ombro direito. 

Vou atravessar meu Rubicão de dor. 

Alea jacta est !


KURAĜO

Morgaŭ frumatene mi submetiĝos al nova kirurgio por ke oni forigu

turmentan  ŝraŭbon ene de ostoj de l' dekstra ŝultro.

Mi transiros mian Rubikonon el doloro.

Alea jacta est !


Maria Nazaré Laroca 

Juiz de Fora, 09/07/2021.

Brazilo






quinta-feira, 10 de junho de 2021

Orvalho _ Roso


Orvalho

Ontem, sob uma tempestade de dor, dormi e sonhei que era menina, no sítio do meu tio Antenor, que me encantava com sua sabedoria tão natural como a terra que cultivava. E ele me ensinava a ver e a amar a beleza das coisas simples, dizendo com doçura:

- Nada é mais belo do que uma gota de orvalho numa folha de taioba.

Diamante líquido, penso agora.

Hoje a dor não acordou comigo.


Roso

Hieraŭ, sub tempesto da doloro, mi ekdormis, kaj sonĝis, ke mi estas knabino, en la bieno de mia onklo Antenor, kiu sorĉis min per sia saĝo tiel natura, kiel la tero, kiun li kultivis. Kaj li instruis min vidi kaj ami la belecon de simplaj aferoj, mildkore dirante:

- Nenio estas pli bela ol guto da roso sur ksantosoma folio.

Likva diamanto, nun mi ekpensas.

Hodiaŭ la doloro ne vekiĝis kun mi.  


Maria Nazaré Laroca

Juiz de Fora, 10/06/2021.
Brazilo


sábado, 29 de maio de 2021

Luta _ Lukto


 

É preciso amar, eu sei,

mas não é fácil porque

o Amor tem muitas arestas

que a Dor tem que aplainar:

espinhos de rosa em pétalas

de sonhos a perfumar

o caminho ascensional

da plena felicidade.



Lukto


Ami necesas, mi scias,

sed  facila tio ne estas,

ĉar Amo eĝojn posedas

kiujn Dolor' devas forigi:

dornojn de petalaj rozoj

el  revoj, kiuj parfumas

la vivvojon ascendantan 

de l'  tute plena feliĉo.


Maria Nazaré Laroca
Juiz de Fora, 29/05/2021.
Brazilo








sábado, 15 de maio de 2021

Poema para Suely Schubert

 


Ouvindo Schubert agora,

“Piano trio”, um e dois,

no meu quarto em Juiz de Fora, 

lembrei-me que você se foi

neste maio congelado,

e senti muita saudade!


Ah, Suely, como eu queria 

compor uma sinfonia 

para falar de você 

só um pouquinho dessa vez!

Porque meu poema é pobre 

para espelhar sua luz,

tecida de amor e obras

a serviço de Jesus.


Sei que prossegue com o lema:

“Ama, trabalha, espera, perdoa”,

pois seu voo é ascensional...

Mas agora é tempo de festa:

sorva a taça da alegria 

com seus Amigos no Céu!


Maria Nazaré Laroca

Juiz de Fora, 15/05/2021.